Cadeirantes agora curtem o mar de Fernando de Noronha

21/02/2013 Notícias 0
Mosana Cavalcanti é levada pela areia na esteira de 30 metros até o mar

Mosana Cavalcanti é levada pela areia na esteira de 30 metros até o mar

Governo lança projeto Praia sem Barreiras no arquipélago pernambucano. O banho de mar nas águas transparentes e mornas da Praia do Sueste, localizada no arquipélago pernambucano, tornou-se mais democrático, graças à estréia do projeto Praia sem Barreiras, idealizado e executado pela Secretaria de Turismo de Pernambuco (Setur/PE), através da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur). A partir de agora, o acesso de cadeirantes à paradisíaca baía da ilha será possível através de uma esteira antiderrapante, que conduz o banhista por 30 metros até quatro cadeiras de rodas anfíbias, desenvolvidas com tecnologia da Nasa e cujo material não esquenta sob a ação do inclemente sol nordestino.

De lá, os banhistas são acompanhados por oito profissionais da EcoNoronha, devidamente qualificados para o banho assistido, que poderá ser desfrutado todos os dias, das 8h às 18h. O investimento total da implantação do projeto foi de R$ 37 mil. As cadeiras anfíbias são fabricadas pela Ortomix, em Aparecida do Goiás (GO), e custam R$ 5.415 cada uma.

A recifense Yoko Farias Sujimoto, 29 anos, e o cadeirante suíço Michel Peneveyre, presidente da ONG Rodas da Liberdade, que vive em Porto de Galinhas, foram os escolhidos para estrear o serviço da equipe e a curtir as delícias do mar de Noronha.

“Estou muito feliz de estar aqui. Esse é um sonho de muitas pessoas em minha condição. Sei que muitos virão depois de nós dois”, diz emocionada Yoko. Já para o quase pernambucano Michel, a palavra que melhor define a experiência é felicidade. Tanto que este foi o nome que ele deu à tartaruga encontrada no mar naquela manhã pela equipe do Projeto Tamar. A recifense preferiu pegar emprestada a sugestão do rapaz que a assistia no banho de mar e batizou o animal marinho de Nó, em homenagem à ilha. Surgia naquele instante a mascote da dupla especial de banhistas.

Para o secretário de Turismo de Pernambuco, Alberto Feitosa, a implantação do equipamento é de grande importância para o turismo do Estado, que tem na acessibilidade um dos seus grandes focos. “Essa é uma das minhas grandes missões. E hoje é um dia feliz, histórico. Muito tenho a agradecer à coordenadora do Programa Turismo Acessível, Mosana Cavalcanti, que dá o exemplo e nos serviu de inspiração. No dia 30 de janeiro, data do lançamento do projeto, por coincidência, fez dez anos que ela ficou impossibilitada de andar”, pontuou o secretário, complementando que a próxima cidade a receber o projeto Praia sem Barreiras será o Recife. A data foi escolhida a dedo, acontecerá no dia 12 de março, quando se comemora o aniversário da capital pernambucana. “Vamos dar esse presente ao Recife”, festeja.

Pessoal treinado pela EcoNoronha acompanha cadeirante no mar

Pessoal treinado pela EcoNoronha acompanha cadeirante no mar

Para definir onde implantar o novo serviço em Boa Viagem, a Empetur contou com a ajuda de um dos parceiros no projeto, o Instituto Oceanário da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que realizou pesquisa sobre ataques de tubarão na orla recifense. “Não podemos correr riscos”, diz Mosana, ao informar que o Praia sem Barreiras será instalado em frente à Rua Bruno Veloso porque lá, segundo o estudo, é a área que menos registros possui de ataques de tubarões.

“Ao contrário de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, nosso ponto de acessibilidade será sempre no mesmo local”, ressalta a coordenadora da Empetur, complementando que isso ajudará ainda mais as pessoas com dificuldade física como ela. Mosana ficou impossibilitada de andar depois de ser atingida por um tiro durante um assalto nas proximidades do Edifício Califórnia, na Avenida Boa Viagem, em 2003.

Participaram ainda do evento de lançamento do Praia sem Barreiras o administrador do arquipélago, Romeu Baptista, o secretário nacional de promoção dos Direitos Humanos, o pernambucano de Garanhuns, Antonio José Ferreira, o chefe do ICMBio, Ricardo Araújo, Pablo Móbis, gerente do Eco Noronha, todos parceiros na ação de acessibilidade num dos destinos mais cobiçados Brasil afora.

ACESSIBILIDADE – Não foi à toa que o arquipélago Fernando de Noronha foi escolhido para a estréia do Praia sem Barreiras. A empresa Eco Noronha tem investido forte em acessibilidade na ilha no último ano, quando o acesso ao Mirante dos Golfinhos é possível graças à trilha suspensa, construída com madeira biossintética.

O Mirante do Sancho, onde é possível observar o belo cenário da praia que leva o mesme do ponto de observação, também é totalmente acessível. O caminho até o Mirante Dois Irmãos, o principal ícone da ilha, é outra trilha construída para dar acesso ao ir e vir de todos. Ambas dispõem de acessibilidade assistida e foram construídas pela EcoNoronha. Falta entregar ainda a trilha da Praia do Leão, prevista para ser entregue até o fim deste ano.

* Matéria e fotos tirados do site Deficiente Ciente

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