Brasil envia maior delegação para os Jogos Parapan-Americanos de Toronto
O CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro – conheça aqui) manda aos Jogos Parapan de Toronto (acesse aqui), Canadá, a maior delegação dentre todos os participantes, com 272 atletas. O Brasil foi o líder do quadro de medalhas no Rio 2007 e Guadalajara 2011 e visa a repetir o primeiro lugar neste ano de 2015. A Cerimônia de Abertura do evento ocorreu no último dia 07, sexta-feira, no estádio CIBC Parapan Am Athletics Stadium, na Universidade de York, às 19h do horario local (20h de Brasília). O encerramento dos Jogos será no próximo dia 15. Ainda na sexta-feira, o CPB anunciou que fechou contrato de transmissão do evento com o canal a cabo Sportv. O acordo fará com que o canal transmita as competições de natação, atletismo, basquete e rúgby em cadeira de rodas, modalidades disponibilizadas pela organização dos Jogos.
Para o Ministro dos Esportes, George Hilton, o Parapan é um importante teste para os Jogos Rio 2016. “O Brasil está num grupo seleto de países que tratam todos os atletas no mesmo nível. Isso tem sido uma revolução no paradesporto do País e aqui vai ser um teste importante para as Paralimpíadas do ano que vem. Eles têm a tradição de sair na frente, uma capacidade enorme de ganhar medalhas e tenho certeza de que veremos aqui um grande espetáculo”, afirmou.
Escolhida para ser a porta-bandeira na cerimônia de abertura, a corredora Terezinha Guilhermina não esconde o orgulho. “É uma emoção indescritível. É um sonho que se tornou realidade e estou feliz e grata às pessoas que me escolheram. Espero estar à altura desse povo lindo, que é o povo brasileiro”. Terezinha tem 36 anos e é deficiente visual devido a uma retinose pigmentar. Suas provas são os 100m, 200m e 400m metros nas classes T1 e T2 (os paraatletas são divididos em classes de acordo com o tipo de deficiência). Em seu currículo de Parapan, Terezinha possui três medalhas de ouro, todas conquistadas no Rio de Janeiro, em 2007, uma para cada prova de sua especialidade. Em Jogos Paralímpicos, seu currículo é ainda mais recheado, com três medalhas de ouro (duas em Londres 2012 e uma em Pequim 2008), uma de prata (Pequim 2008) e duas medalhas de bronze (Pequim 2008 e Atenas 2004).
“No esporte paralímpico, pelo número de medalhas oferecidas na natação e no atletismo, se um país quer ir bem, seja no Parapan, seja na Paralimpíada, a lição de casa é ir bem nessas modalidades. Se você quer estar no top 5, como pretendemos estar no Rio 2016, você tem que estar entre os cinco melhores dessas duas modalidades de qualquer maneira e trabalhar em cima de outras modalidades”, disse Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro.
Entre as outras modalidades, estão algumas que obtiveram resultados inéditos recentemente, como o halterofilismo. No Mundial de 2014, em Dubai, Márcia Menezes conquistou o bronze. “O halterofilismo, depois desta medalha e de outros bons resultados de outros atletas, tem ganhado mais patrocínio, mais atletas com a Bolsa Pódio, além de mim”.
No Parapan ela espera, no mínimo, repetir a performance recente. “A meta é sempre buscar o pódio. Se for bronze, é bom; se for prata, é melhor e, se for ouro, é ótimo. O objetivo é subir no pódio e representar bem o Brasil”.
Hegemonia
A estratégia do Comitê Paralímpico Brasileiro no Parapan de Toronto é manter a hegemonia em modalidades como o vôlei sentado, o futebol de cinco e o futebol de sete, além de melhorar a classificação em outros esportes. “Temos a meta traçada aqui no Parapan de repetir as últimas edições, mas cada modalidade tem seus objetivos. Algumas que ficaram em segundo em Guadalajara, queremos que cheguem em primeiro. Se ficou em quarto, queremos que vá para terceiro, ou seja, a gente quer ter um crescimento”, analisou Parsons.
Outro objetivo será aumentar o número de atletas classificados para as Paralimpíadas de 2016. Por ser país-sede, o Brasil tem vaga assegurada em diversas modalidades. “Uma das características interessantes do Parapan é que todas as competições são qualificatórias para o Rio 2016. Aqui, é uma oportunidade de aumentar o número de vagas nas modalidades individuais, já que estamos classificados em todas as coletivas”, comentou o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro.
Os primeiros Jogos Paralímpicos
Roma, na Itália, foi escolhida, em 1959, sede da nona edição dos Jogos Internacionais de Stoke Mandeville, como era conhecido o evento até então, graças aos esforços do neurologista alemão de origem judia Ludwig Guttmann em unir Jogos Olímpicos e competições para deficientes (Roma também sediaria os Jogos Olímpicos de Verão de 1960), sendo a primeira vez que o evento saía da cidade de Stoke Mandeville. Quatrocentos atletas de vinte e três países competiram em provas exclusivas para usuários de cadeira de rodas.
A competição continuou a ser realizada na cidade inglesa nos anos seguintes, mas em 1964 novamente ocorreu na mesma cidade dos Jogos Olímpicos (Tóquio, no Japão). Nesta época, já era comum, principalmente para a imprensa, o uso do nome “Paralimpíadas” (contração de “Paraplegia” e “Olimpíadas”) para designar o evento, principalmente aquele que ocorria fora da Grã-Bretanha.
A realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos na mesma cidade não pôde ter continuidade em 1968, já que a Cidade do México desistiu por problemas financeiros e por falta de acessibilidade para pessoas em cadeira de rodas nos locais de competição. Tel Aviv, em Israel, recebeu a terceira edição dos Jogos. Em 1972, mais uma vez a sede dos Jogos Olímpicos não recebeu as Paralimpíadas. Munique, na Alemanha Ocidental, desistiu da idéia de organizar os Jogos por causa da falta de acessibilidade na Vila Olímpica. Heidelberg, no mesmo país, se ofereceu como alternativa.
Novos tipos de deficiência
Ainda na década de 1960, surgiu o interesse de outras organizações de apoio aos deficientes em participar dos Jogos Paralímpicos. Em 1976, ano em que mais uma vez o evento ocorreu no mesmo país sede dos Jogos Olímpicos (Canadá), mas em outra cidade (Toronto, enquanto Montreal recebeu as Olimpíadas), outras categorias passaram a integrar os Jogos. Pela primeira vez, foram realizados eventos para deficientes visuais, amputados, pessoas com lesão na medula espinhal, entre outros, totalizando 1.600 atletas de quarenta países.
Em 2000, os deficientes mentais foram excluídos dos jogos por causas de denúncias de fraudes na escalação dos atletas. Na época, um jornalista se infiltrou na equipe de basquete da Espanha, e descobriu que vários atletas sem deficiência foram escalados, inclusive o próprio jornalista foi escalado entre os jogadores.
Havia muita dificuldade em determinar o que seria “deficiência mental”, então os critérios não eram bem definidos. Na última assembléia geral do Comitê Paralímpico Internacional, em Cairo no Egito, em 2004, foi aprovada a resolução que permitia novamente a participação de pessoas com deficiência mental nos jogos.
Jogos Modernos
Em 1988, os Jogos Paralímpicos voltaram a acontecer na mesma cidade dos Jogos Olímpicos (Seul, na Coreia do Sul), e pela primeira vez os comitês organizadores dos dois eventos trabalharam juntos. Por isso, os Jogos de Seul são considerados um marco no movimento paralímpico mundial. Novas deficiências foram adicionadas e o programa foi expandido para dezessete esportes, que passaram a ter um sistema de classificação por tipo e grau de deficiência.
Um ano após os Jogos de Seul o Comitê Paralímpico Internacional foi fundado, reunindo 167 países. Em 2000, o IPC e o Comitê Olímpico Internacional assinaram um acordo de cooperação, complementado no ano seguinte com a política “Uma Eleição, Uma Cidade”, segundo a qual a eleição da cidade-sede dos Jogos Olímpicos passaria a incorporar exigências relativas aos Jogos Paralímpicos.
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