O coração da resistência ainda pulsa forte
Enquanto a suruba rola solta, em Brasília, cá embaixo, onde está o povo, a resistência cresce a cada dia mais contra a ditadura Temer, que jogou o Brasil em uma tremenda escuridão, cada vez mais nebulosa. Cumpre aos jornalistas independentes, como eu, revelá-la, já que a revolução jamais será filmada pelos olhares globais.
São Paulo, 15 de fevereiro de 2017. Trinta mil pessoas, em marcha, liderada pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), saem do Largo do Batata e ocupam a Avenida Paulista, coração financeiro e cartão-postal máximo da maior metrópole do país. Desde então, lá permanecem, acampados, aguardando que o governo golpista de Temer não continue sua política de extermínio do programa Minha Casa, Minha Vida – um dos legados históricos da era petista.
Recife, 21 de fevereiro de 2017. O Secretário de Habitação de Pernambuco, Bruno Lisboa, desmarca, em cima da hora, reunião que estava agendada com o MTST, na CEHAB (Companhia Estadual de Habitação e Obras), a respeito da Ocupação Carolina de Jesus – ao lado do Terminal de Ônibus do Barro, às margens da BR-101. Revoltados, os militantes ocuparam a instituição – sem armas e sem baderna. Em resposta, a Polícia Militar de Pernambuco usou da tática costumeira de repressão aos movimentos sociais – balas de borracha e muita, muita pancadaria. Sem identificação, policiais atuavam com gorros, alguns sem farda. Foram encontrados resquícios de munição letal – traduzindo, a PM atirou para matar. Dez militantes do MTST foram presos, mas liberados no dia 22 de fevereiro, após audiência de custódia.
Eis a prova de que o coração da resistência ainda pulsa forte. Virá mais luta, com greves em todo o país, passeatas, caminhadas e muita ocupação, sempre recepcionadas pela atenta estrutura repressiva do Estado, pronta para descer o porrete em manifestantes desarmados – enquanto protege as surubas e coisas correlatas nas esferas de poder.
Sorte nossa que a resistência dos oprimidos tem uma característica intrínseca – se um resistente é preso ou até morto, outros vêm que nem formigueiro a substituir. Porque a luta não é de um homem ou de uma mulher, não é algo individual, de vaidades. A luta é coletiva, pertence a todas as gerações.
Afinal, quem não pode com a formiga, não atiça o formigueiro.
Quem viver, verá!
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