Pai deixa emprego e cria servidor de “Minecraft” para crianças com autismo

19/05/2017 Deficiência Intelectual, Notícias 0
Números para linhas de ajuda para crianças no Reino Unido,EUA, Canadá e Austrália

Números para linhas de ajuda para crianças no Reino Unido,EUA, Canadá e Austrália

Aos 2 anos de idade, o filho de Stuart Duncan, Cameron, foi diagnosticado com autismo.

O pai, que mais tarde descobriu ter Síndrome de Asperger (tipo de autismo que afeta a socialização), aos 36 anos, passou a dedicar cada vez mais do seu tempo livre ajudando a comunidade de pessoas que sofre com o Transtorno, começando por um blog, em 2010, e publicando alguns livros sobre o assunto.

Seu maior projeto nos últimos anos, porém, tem sido o chamado “Autcraft”, um servidor privado e dedicado, que criou em 2013, especialmente para crianças (ou até mesmo adultos) autistas e suas famílias interagirem com outras em um ambiente seguro.

“Quando você entra nele pela primeira vez, há 30 pessoas te cumprimentado e oferecendo um tour pelos arredores. Eles chegam e dão um monte de coisas para você”, explicou Duncan ao site PC Gamer. “Você vê no chat ‘ei mãe, vem montar comigo’. Alguém vai dizer ‘eu sou um idiota’ e todos vão responder ‘não diga isso, você não é um idiota'”.

Eventualmente, Duncan – conhecido no servidor como “Autismfather” – se viu forçado a deixar seu emprego como web designer para ficar de olho no servidor e em seus visitantes.

“Nos primeiros dois anos, eu falavam com duas crianças por semana, que estavam com tendências suicidas”, disse. “Eventualmente, meu trabalho começou a ser afetado. Eu estava falando com meu chefe e tinha que dizer ‘me dá um segundo, esta criança precisa de mim'”.

Pesquisas e estudos pediátricos já apontaram como “Minecraft” pode ajudar o desenvolvimento de pessoas com autismo e o assunto chegou até a ser abordado no livro “O Menino Feito de Blocos”, do jornalista Keith Stuart, inspirado na relação dele e seu filho com o jogo.

Duncan também ressaltou a importância do game para o jovem Cameron.

“Quando era pequeno, ele tinha um vocabulário e formas de se expressar bem limitadas”, relembrou. “Ele nunca teve paciência para Lego ou tinta e achava esportes de equipe difíceis de entender. Havia algo em ‘Minecraft’ que, simplesmente, se conectou com ele. Imediatamente, sabia como fazer uma cabana ou um castelo. Aprendeu novas palavras. O vocabulário dele pulou de 10 palavras para o de uso de palavras como ‘obsidiana’. Ele adorava estar lá e queria compartilhar isso comigo”.

O objetivo de “Autcraft”, para Duncan, é sempre ser um lugar seguro para as pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

“Eles sentem que não tem outro lugar deste tipo”, disse. “Eles voltam e dizem ‘nós, a comunidade autista, somos as pessoas mais legais’. Não importa o quanto alguém te faça sentir mal em algum outro local, você pode voltar para cá e ficar melhor. É meio deprimente que você não consiga achar algo assim em qualquer outro lugar”.

Para manter o “Autcraft” e suas despesas individuais, Stuart Duncan abriu uma página no site Patreon (clique aqui), onde 146 pessoas doam US$ 1.636 por mês ao projeto.

* Texto e fotos retirados do Portal UOL

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