Mensagem de ano novo
Final de ano é momento de reflexões sobre o que passou e planos para o que virá. Ano passado, infelizmente, fiz apenas a primeira parte. Confesso que não tinha planos para este ano de 2018, em parte porque nunca parei para formulá-los, mas também porque não vivia um bom momento. Esse sinal só foi aceso ao ser questionado por uma amiga de quais seriam minhas metas para o ano seguinte e respondi que nenhuma. Claro que nós sempre temos planos e objetivos, mesmo que, muitas vezes, não nos apercebamos disto. O fato é que não podemos ficar parados, apenas esperando as coisas aconteceram e torcendo para que elas nos encontrem. Era este meu comportamento em dezembro de 2017. Não é mais. Chegarei lá. Final de ano também é momento para agradecer àqueles que fizeram parte de nossa jornada, caminhando junto ou nos incentivando sempre. Começo este texto com esse último tópico. Em minha vida particular, tenho sempre motivos para agradecer. Graças a Deus, sou e fui cercado de pessoas maravilhosas, sejam elas da minha família ou sejam amigos próximos. A todos, muito obrigado. Obrigado pela paciência, pelo carinho, pelos afetos, pelas críticas, pelas risadas e pelos incentivos. Espero ter podido corresponder de alguma forma.
O ano de 2018 foi um misto de alegrias, realizações e uma enorme preocupação no campo político e social. A eleição de Jair Bolsonaro para presidente foi um erro colossal e não demoraremos muito para senti-lo na pele. Não entrarei no mérito da fraude eleitoral do Whats’App nem da facada ou da ausência dele nos debates. Essas são questões subjetivas e que não têm espaço neste texto. Prefiro me ater ao que a eleição de alguém da extrema direita simboliza. Extrema direita, por definição, é uma ideologia totalmente dissociada das pessoas e dos direitos humanos. Mulheres, negros, homossexuais, pobres, imigrantes, indígenas e pessoas com deficiência são vistos como inimigos ou seres menores. Com isso, se nossa condição de vida já é difícil, devemos esperar um aumento significativo nesses problemas. Não haverá mais canais de diálogos nem sensibilidade do governo para entender a necessidade de se fazer políticas públicas para os setores acima mencionados. Em 30 anos de vida pública, o novo presidente jamais demonstrou qualquer inclinação neste sentido e, durante a campanha, sempre acenou na direção oposta, com discursos fascistóides, violentos, preconceituosos e discriminatórios. Jair Bolsonaro serve a uma determinada ideologia e capital internacionais, que não estão preocupados em melhor a vida dos cidadãos mais simples e necessitados. Aqui, encerro minhas preocupações, com a esperança (embora quase nula) de estar errado.
No campo estritamente pessoal, não tenho do que reclamar. Aqui, já vou entrar também nos planos para o ano vindouro. Em outubro passado, por exemplo, minha família e eu completamos um ano de casa nova. Depois de mais de 40 anos morando na mesma casa, viemos para um apartamento. O início foi difícil, principalmente para meus pais, mas aos poucos nos adaptamos. Apesar do tamanho ser, literalmente, metade da nossa casa antiga, o apartamento significou para mim uma nova etapa e um processo de autonomia muito maior do que o que eu tinha anteriormente. O primeiro e mais importante exemplo foi o uso da minha cadeira motorizada. Se antes ela era um monstro enorme e feio, que me apavorava e eu evitava a todo custo, agora isso não mais ocorre. Costumo brincar que nosso namoro demorou, mas está engrenando. Já apresentamos um e outro a nossos pais e, inclusive, já dormimos na casa do outro. Sem dúvida, um enorme progresso. Outro progresso que vale a pena mencionar é minha relação com os táxis adaptados. Aqui, não dá ainda para dizer que o namoro vai bem. Contudo, estamos no divã do terapeuta de casais e começamos a desmistificar uma coisa e outra que atravancava nosso relacionamento. Os táxis jamais me transmitiram segurança alguma e isso fez com que eu me trancasse em casa por meses a fio neste ano. Dois primeiros planos para 2019: sedimentar minha relação com a motorizada e dar o segundo passo com os táxis.
Profissionalmente, estão as principais metas para o novo ano. Sem Barreiras e eu temos uma relação quase simbiótica, ou seja, se eu cresço, ele cresce, e vice-versa. Portanto, meu amadurecimento pessoal provocará a melhoria do blog. Primeira novidade: vocês irão encontrar, ao final de cada texto, um campo para se inscrever em nossa newsletter (role a tela para baixo e verá a imagem em destaque ou na janela pop-up quando você acessou o blog). Essa newsletter nos aproximará de vocês na medida em que avisaremos quando houver matérias novas publicadas. O canal de diálogo entre nós ficará bem mais estreito. Assim, peço que vocês se inscrevam para receber nosso Boletim Informativo. Segunda novidade: Sem Barreiras fará o lançamento da campanha Seja Sócio Sem Barreiras, uma campanha de assinatura solidária, que você poderá nos ajudar com doações mensais, semestrais ou anuais. O dinheiro será revertido para a melhoria gráfica do site, a compra de novos equipamentos de som e vídeo e ainda para a contratação de jornalistas free-lancers, que farão matérias especiais. O conteúdo do site continuará disponível a todos os leitores, sócios ou não, mas os sócios participarão de sorteios mensais. Além disso, uma série de vídeos sobre as várias deficiências, o Sem Barreiras Ensina. Serão vídeos curtos explicando o que são Autismo, Síndrome de Down, Osteogênese Imperfeita, Paralisia Cerebral, etc. O primeiro já irá ao ar em janeiro, sobre Osteogênese. Outra novidade será o Bate-Papo Sem Barreiras, um programa de entrevistas pelo sistema de Hangout, no nosso canal do youtube (clique aqui para se inscrever nele). Por fim, mas não menos importante, o lançamento do livro Entrevistas Sem Barreiras.
Como puderam ver, o final de 2018 está bem diferente do final de 2017. É muito gratificante a sensação de encerrar um ano com tantos projetos para o ano seguinte. Nos dá um gás novo, um combustível para acordar e trabalhar todos os dias, ao invés de apenas deixar a vida nos levar. Para isso, quero dedicar um agradecimento especial a três pessoas: à fisioterapeuta Camila Napoleão, à nutricionista Ilena Bessa e à psicóloga Juliana Rêgo. As três, em suas áreas de especialidade, contribuíram e muito para meu amadurecimento físico e emocional, criando as bases para esta nova versão de mim mesmo. Conto com o apoio e a contribuição de vocês para que 2019 seja um ano realmente especial. Um feliz ano novo a todos e a todas.
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