O risco Donald Trump

24/01/2025 Depoimentos, Notícias, Victor Vasconcelos 0

Donald Trump foi empossado como o 47º presidente dos Estados Unidos, na última segunda-feira, 20, e o mundo vive momentos de extrema perplexidade, dúvidas e pavor do que ele já está fazendo e do que ainda pode vir a fazer. Todos os dias, Trump assina uma ordem executiva nova criando mais polêmica e ansiedade. Nesta quinta-feira, por exemplo, ele determinou a abertura dos dados oficiais sobre os assassinatos do ex-presidente, John F. Kennedy, de seu irmão, Robert F. Kennedy, e do ativista social, Martin Luther King. Os dados vêm sendo mantidos sob estrito segredo oficial há décadas.

No dia da posse, o orquestrador da invasão do Capitólio (sede do Poder Legislativo norte-americano), em 2021, assinou decreto extinguindo os programas DEI, que estimulavam a diversidade, equidade e inclusão dentro do governo federal. “We will forge a society that is colorblind and merit-based”, disse ele ao portal CBS News. Em tradução livre, afirmou que sua administração irá criar uma sociedade cega às questões raciais e baseada na meritocracia. Não, não é uma boa notícia e este texto tentará explicar por quê.

Donald Trump também determinou que os Estados Unidos só irão reconhecer, a partir de agora, dois gêneros: masculino e feminino. “As of today, it will henceforth be the official policy of the United States government that there are only two genders: male and female”, disse ele no dia sua posse. Não satisfeito, assinou decretos voltados ao combate à imigração, uma promessa de campanha. Segundo o portal G1, a medida que mais repercutiu foi a que prevê que crianças nascidas nos Estados Unidos não poderão mais ter cidadania americana se forem filhas de imigrantes sem documentos ou que têm visto temporário.

O Republicano inicia seu segundo mandato (ele já foi presidente norte-americano de 2017 a 2021), segundo inúmeros analistas de política externa, sem nenhuma preocupação com ideologias ou amarras ao seu partido. Cercado por figuras como Elon Musk, Mark Zuckerberg, Jeff Bezos e outros magnatas, Trump fez uma campanha considerada violenta, odienta e repleta de mentiras e ameaças aos seus inimigos internos e externos. O dono do X (antigo Twitter), por exemplo, deu várias declarações de que iria financiar golpes de estado em países interessantes para seus negócios particulares. Já o criador da Meta acabou com os moderadores de conteúdo de ódio e mentiras de suas plataformas (Facebook, Instagram e WhatsApp), abrindo espaço para uma rede social sem limites e sem controle.

As decisões de Donald Trump são, ao mesmo tempo, criminosas e preocupantes. Com a abolição dos programas DEI, a ordem executiva sobre política de gênero, as ordens sobre imigração e outras fazem os Estados Unidos retornarem ao início do século passado, uma medida que terá consequências para o mundo todo. Trump é conhecido por suas posturas racistas, misóginas e xenófobas, características típicas de pessoas da extrema-direita. O fascismo prega a formação de uma sociedade branca, heterossexual e perfeita, do ponto de vista físico. Vamos nos lembrar do programa de genocídio Aktion T4, praticado pela Alemanha Nazista de Adolf Hitler, nos anos 30 e 40. Médicos alemães assassinaram milhares de crianças e adultos com deficiência durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A vitória de Trump representa a vitória de um tipo de pensamento e prática que não respeita os diferentes, não respeita os mais necessitados e não têm nenhum pudor em usar a força das leis e das armas para eliminar essas pessoas. Donald Trump foi derrotado por Joe Biden, nas eleições de 2021, e imaginou-se que sua carreira política estava extinta. Veio a invasão ao Capitólio e os olhos do mundo se voltaram para ele. Entretanto, a Justiça norte-americana lavou as mãos e ele ficou livre. Candidatou-se novamente e obteve uma vitória esmagadora contra Kamala Harris, a então vice-presidenta de Biden. A população norte-americana, portanto, assinou um atestado, em alto e bom som, de que comunga com os ideais preconceituosos e belicosos dele.

E o Brasil? Esta é nossa verdadeira preocupação e a razão de estar escrevendo este texto. Em 2018, o país elegeu Jair Bolsonaro como presidente, o representante da extrema-direita fascista mundial. Durante quatro anos, convivemos com a tentativa (em alguns casos, conquista) de destruição de vitórias sociais históricas. Bolsonaro fez um governo pautado pela violência das palavras, pelo preconceito de gênero, pela destruição da economia e pelo atraso social e econômico do país. Durante a pandemia do Coronavírus, mais de 700 mil pessoas morreram diante do negacionismo do presidente e do seu desprezo pelas vidas humanas. “Precisam parar de mimimi” e “e daí, não sou coveiro” foram duas frases suas que viraram célebres durante o período. O governo contribuiu para a destruição do meio-ambiente, negociatas com dinheiro público, perseguição à ciência e pesquisa e distribuição de armas para a população e, por consequência, os criminosos.

Os programas de DEI, nos Estados Unidos, citados no início deste texto, podem ser entendidos como a Lei de Cotas, no Brasil. Eles buscam promover o tratamento justo e a plena participação de todas as pessoas, especialmente grupos historicamente sub-representados ou discriminados com base na identidade de gênero ou deficiência. Donald Trump determinou, na segunda-feira, que os funcionários públicos federais destes programas entrassem em licença remunerada a partir da quarta-feira. Ele também revogou um decreto de 1965, assinado pelo ex-presidente, Lyndon Johnson, para proteger os direitos de trabalhadores empregados por empreiteiras federais e garantir que eles permanecessem livres de discriminação com base em raça, cor, religião, sexo, orientação sexual, identidade de gênero ou origem nacional, de acordo com o Departamento do Trabalho.

Serão quatro anos de tensão total e absoluta. Donald Trump e seus asseclas são capazes de tudo e possuem o maior arsenal militar do mundo. Fiquemos atentos com a terra do Tio Sam para que os comparsas dele, em terras tupiniquins, não cheguem ao poder em 2026.

* O texto foi editado no domingo, 26.

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