Aplicativos permitem inclusão de PcDs

21/11/2025 Destaques, Notícias 0

Aplicativos também são utilizados na educação de jovens e crianças com deficiência.

A capacidade de nos comunicarmos uns com os outros é uma das muitas características que distinguem os seres humanos dos animais. Contudo, existem deficiências que impedem ou dificultam essa comunicação. Uma pessoa cega ou surda, por exemplo, precisa de ferramentas externas a elas para conseguir transmitir o que pensa ou do que está precisando. A Língua Brasileira de Sinais (Libras) e o Braille são duas dessas ferramentas. Com o passar da história, a tecnologia se tornou uma poderosa aliada. A cada mês, a cada ano, mais e mais aplicativos são criados e aperfeiçoados, melhorando assim o dia a dia das pessoas com deficiência. Em outubro último, Sem Barreiras publicou o texto Jovem Cego Tecnológico, em que conta a história de Juan Mathews, cego desde a infância, que se tornou uma autoridade em defesa cibernética e produtor de conteúdo online. Como ele faz isso? Com a inestimável colaboração de aplicativos de celular. Eles permitem a Juan ou qualquer outro usuário manusear o aplicativo, enquadrar, fazer uma filmagem e editar o vídeo depois, acrescentando músicas, legendas, o que quiser.

No começo do século XXI, a ideia de que uma pessoa poderia digitar um texto na tela de um tablet ou celular e ele “ler” em voz alta aquele texto para que outra pessoa pudesse ouvir e compreender parecia ousada ou, até mesmo, loucura. Hoje, milhões de pessoas com dificuldades de fala usam smartphones e tablets com aplicativos de Comunicação Aumentativa e Alternativa (AAC) para interagir, aprender e participar da vida social. A tecnologia chegou a tal ponto que os equipamentos estão saindo de fábrica cada vez menores, mais leves e com aplicabilidades inacreditáveis. A transformação começou quando desenvolvedores voltados à acessibilidade perceberam que tablets e smartphones poderiam rodar softwares equipados com vozes sintéticas e telas de símbolos — oferecendo uma alternativa muito mais barata e flexível. Um marco simbólico foi o lançamento, pela AssistiveWare, do Proloquo2Go, em abril de 2009, apresentado como o primeiro aplicativo AAC completo para iOS, capaz de levar comunicação aumentativa a um público bem maior do que os aparelhos tradicionais.

Existem vários aplicativos de comunicação para pessoas com deficiência, como o Hand Talk, que traduz para Libras com um avatar 3D, e o TelepatiX, que ajuda na escrita para pessoas com dificuldades motoras. Outras opções incluem o Be My Eyes, que conecta pessoas cegas a voluntários, o Livox, para comunicação baseada em figuras, e o LetMeTalk, com recursos de voz e sugestões de palavras. Nas últimas semanas, Sem Barreiras teve acesso a duas inovações tecnológicas bastante interessantes: o HearView, óculos especiais que projetam nas lentes as falas das pessoas em forma de legendas. Eles se conectam a um aparelho, via Bluetooth, e utilizam reconhecimento de voz para transcrever as falas em tempo real. A segunda é o Colibri, uma pecinha que capta os movimentos da cabeça para controlar o cursor do mouse com precisão. Os cliques podem ser feitos com o piscar dos olhos, o sorriso ou automaticamente após a parada do ponteiro. Seu funcionamento pode ser ajustado de acordo com as características de movimento de cada pessoa, por meio de um aplicativo opcional de personalização.

A criação desses aplicativos fica a cargo de ambientes clínicos ou de pesquisa, por terapeutas, engenheiros e startups. A maioria dessas pessoas têm exemplos na sua própria casa de alguém com alguma dificuldade motora ou de comunicação e que serviu de incentivo para a criação da ferramenta. Em linhas gerais, aplicativos de CAA combinam três componentes principais: interface de seleção, ou seja, botões com símbolos, fotos ou texto que o usuário toca (ou seleciona por apontamento, olhares ou interruptores); motor de saída vocal, texto convertido em fala por meio de síntese de voz (text-to-speech), muitas vezes com opções de vozes mais naturais ou até “infantis”; Vocabularização e organização, conjuntos de palavras programados (por exemplo, sistemas baseados em core words — palavras centrais de alta frequência) ou vocabulários específicos (como o LAMP, que usa padrões motor-plânicos consistentes para facilitar a aprendizagem).

Usuário pode converter imagens, textos e sites para a LIBRAS em tecnologia 3D

O Hand Talk transforma a voz em Libras, em 3D

O custo surge, então, como grande barreira para um acesso mais democratizado dessas ferramentas de comunicação. O modelo de negócios varia. Muitos aplicativos profissionais são pagos — às vezes com custo inicial único relativamente alto (comparado a apps “domésticos”), ou com assinaturas porque incluem vozes licenciadas, suporte e atualizações específicas para CAA. Ainda assim, a combinação de um aplicativo pago com um tablet de consumo costuma sair muito mais em conta do que os equipamentos tradicionais, que podiam custar milhões. Alguns desenvolvedores oferecem versões “lite”, testes gratuitos de 30 dias ou edições gratuitas com recursos limitados para avaliação; outros aplicativos são gratuitos, com compras internas ou modelos freemium. Em suma: há opções para vários orçamentos, mas os pacotes clínicos mais completos normalmente têm custo.

Relatos de famílias, dados de fabricantes e estudos de caso convergem: colocar uma voz nas mãos de quem não fala transforma interações. Usuários relatam ganhos na autonomia (poder pedir, responder, reclamar), melhora no comportamento (menos frustração por não conseguir se expressar) e avanços educacionais. Materiais institucionais de alguns fornecedores chegam a relatar que entre 60% e 80% dos usuários e familiares observaram melhorias no bem-estar e na independência depois do uso sistemático do aplicativo. Além disso, o fato de a tecnologia rodar em dispositivos comuns facilita inclusão em sala de aula, em restaurantes e em redes sociais — mudanças que vão além da comunicação pontual e tocam a participação social. Vale ressaltar que os aplicativos não se enquadram apenas para pessoas com deficiência. Adultos que sofreram qualquer problema de saúde, como AVCs ou acidentes, podem estar deficientes por um certo período de tempo. Eles também são usuários em potencial. Esses aplicativos podem ser adquiridos em qualquer loja de compra de aplicativo. A Play Store, no iOS, ou a Apple Store são dois exemplos.

Exemplos de aplicativos úteis:

Proloquo2Go – app funciona combinando símbolos visuais ou palavras para formar frases, que são então expressas em voz alta através de síntese de voz;

NVDA – leitor de tela gratuito, de código aberto e acessível globalmente para cegos e pessoas com deficiência visual;

Hand Talk – traduz para Libras com um avatar 3D;

Google Talkback – recurso de acessibilidade do Android que permite que pessoas cegas ou com baixa visão usem um smartphone através de feedback de voz e toque;

TelepatiX – aplicativo pode ser controlado de várias formas: piscando os olhos, tocando na tela, usando a barra de espaço ou um mouse comum;

Open Camera – aplicativo de câmera gratuito e de código aberto para Android, que oferece controle manual e recursos avançados de fotografia e vídeo, como foco, exposição e balanço de branco;

Clipchamp – editor de vídeo da Microsoft que permite criar vídeos facilmente, combinando clipes, imagens e áudio, e adicionando efeitos visuais;

Be My Eyes – aplicativo gratuito que conecta pessoas com deficiência visual a voluntários videntes por meio de videochamadas para oferecer assistência visual instantânea;

LetMeTalk – aplicativo gratuito de Comunicação Alternativa e Aumentativa, que usa imagens e símbolos para ajudar pessoas com dificuldades de fala ou escrita a se comunicarem;

Livox – aplicativo brasileiro de comunicação, que ajuda pessoas com dificuldades na fala a se comunicarem e aprenderem através de uma plataforma personalizável;

HearView – óculos especiais que projetam nas lentes as falas das pessoas em forma de legendas;

Colibri – aplicativo capta os movimentos da cabeça para controlar o cursor do mouse com precisão;

Expressia – aplicativo de comunicação e estimulação cognitiva projetado para pessoas com dificuldades de fala, como aquelas no espectro do autismo, com síndrome de Down, AVC ou paralisia cerebral;

Seeing AI – aplicativo gratuito da Microsoft para iOS (iPhones e iPads) que usa a inteligência artificial para descrever o mundo ao redor para pessoas com deficiência visual;

eSSENTIAL Accessibility – tecnologia assistiva para computadores pessoais que auxilia os usuários com dificuldades de controlar o mouse, de usar o teclado ou de ler na tela;

ProDeaf – software de tradução de texto e voz na língua portuguesa para Libras – a língua brasileira de sinais, com o objetivo de realizar a comunicação entre surdos e ouvintes;

EVA Facial Mouse Pro – aplicativo para dispositivos Android que permite controlar o smartphone ou tablet usando apenas os movimentos da cabeça e do rosto, funcionando como um mouse;

Mudo que fala – programa para comunicação assistiva que permite a pessoas com dificuldade de fala ou deficiência auditiva se comunicarem, transformando texto em voz ou voz em texto.

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